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À Parte

À Parte

 

Sim, existe um mundo à parte 

onde não existe o mal e a dor

não há roubo nem corrupção

nem miséria ou fome ou sede

não há incômodo frio ou calor

a daninha cobiça não cresce

a inveja preguiçosa não reina 

não existe tristeza e injustiça

 

Sim, existe um mundo à parte

pleno de cor luz beleza e arte

melhor de mim a melhor parte

seu segredo não se comparte

é igual para todos sem aparte

pra quem chega e quem parte

não existe quem dele se farte

é amor infinito que se reparte

 

Sim, existe um mundo à parte

mesmo se você não o conhece

CaMaSa

Guto, o coala feliz!

No princípio os quatro elementos viviam isolados, terra, água, fogo e ar ocupavam cada um seu quadrado. Bilhões de milhões de anos eles assim viveram, cada um consigo mesmo ocupado, numa monotonia sem fim. Até que o criador de todas as coisas achou de achar que tudo estava muito sem objetivo e sem graça, era preciso agitar um pouco, movimentar e misturar para ver o que ia dar. E assim a Terra, que tinha água de um lado e terra do outro, foi violentamente abalada por maremotos e tempestades, terremotos e vulcões ruidosos, dilúvios de fogo e de gelo, por milhares de anos seguidos. Partiu-se em continentes e ilhas, montanhas, oceanos e rios, potencializando em sua nova fase multifacetada as mais variadas formas de vida. Uma dessas ilhas-continente, por seu tamanho isolamento e características, criou diversas formas muito exclusivas de animais peculiares, somente encontrados ali. Cangurus, Dingos, Vombates, Equidnas e Diabos da Tasmânia, entre outros, só existem e se reproduzem naturalmente na Austrália, o paraíso dos marsupiais.

Mas entre todos esses animais incríveis, há um muito mais que especial, o Coala. Na língua dos indígenas locais, Koala significa “animal que não bebe”. De fato, este marsupial, é bastante abstêmio: mata a sede com apenas o suco oleoso das folhas de eucalipto, praticamente o único vegetal que come.

O coala tem a cabeça pequena, o focinho curto e os olhos bem separados. O nariz é grosso e achatado, e está munido de grandes narinas em forma de V, com as fossas nasais muito desenvolvidas, que mexem no seu equilíbrio térmico. Tanto os membros anteriores como os posteriores possuem cinco dedos. O polegar das patas posteriores é bastante pequeno, não sendo dotado de garras. Os outros dedos são fortes e terminam em garras alongadas. Nas patas posteriores, apenas o polegar é oposto aos outros dedos. A pelagem densa e sedosa, desempenha papel importante na regulação térmica e na proteção dos agentes atmosféricos. Como o coala não constrói um abrigo, dorme exposto ao sol e à chuva. A pelagem do dorso é muito densa e de uma coloração escura que absorve o calor. Torna-se mais escassa durante o verão e mais comprida durante o inverno. Possui um bom equilíbrio e músculos possantes nas coxas, e quando escala uma árvore, a falta de cauda é compensada pelos dedos bastante largos e pelas garras muito desenvolvidas. 

Quando nosso amigo Guto nasceu pesava apenas 0,5 g e tinha menos de 20 mm de comprimento. O corpo era nu, cor-de-rosa e raiado de vasos sanguíneos; os olhos e os ouvidos estavam fechados; a boca, as narinas e as patas posteriores eram apenas um esboço. Somente as patas anteriores eram suficientemente robustas para lhe permitir executar sozinho o fatigante trajeto até a bolsa ventral da genitora e ali permanecer agarrado a uma das duas mamas de sua mãe. Por volta dos cinco meses e meio, ele começou a sair do seu tranquilo abrigo, mas sem se afastar muito da mãe e, ao primeiro sinal de perigo, tornava a entrar emitindo uma espécie de vagido. A permanência fora do refúgio materno foi aumentando e, aos 8 meses, tornou-se definitiva. A partir daí, ele só enfiava a cabeça no marsupial quando tinha fome e queria mamar. Durante as peregrinações noturnas, passeava agarrado sobre o dorso da mãe.

Os coalas todos viviam muito felizes, comendo e dormindo, dormindo e comendo. Seu único predador era o Dingo, mas mesmo esse, só atacava os muito idosos, já inertes no chão, despedindo-se das copas das árvores e da vida. Até que surgiu um novo bicho, estranho e nocivo, pelado, só com um tufo de pelos no alto da cabeça. Era o homem e toda sua selvageria vestida de domínio da tecnologia. Eles chegaram sorrateiros e silenciosos, em pequeno número, mas logo, em algumas dezenas de milhares de anos, dominaram toda a ilha. Os animais em geral e, principalmente os coalas, dos homens não se aproximavam, por desconfiança e medo. Aqueles que por ingenuidade ou ousadia cruzassem seu caminho, eram mortos ou enjaulados, perdiam a liberdade ou a pele e a vida. 

Guto, apesar dos constantes conselhos de sua mãe, tinha em si o vírus da curiosidade e gostava de explorar as matas e lagos das florestas em que viviam. À medida que crescia e se fortalecia, mais e mais ampliava suas pesquisas, conhecendo cada pedra, planta e flor do lugar. Um dia, envolvido com uma pequena fila de formigas que atravessavam o tronco de uma árvore tombada à beira de um rio, enfiou sua cabeça na água limpa e transparente para descobrir o que havia do outro lado da superfície. Nisso o tronco girou sobre si mesmo desprendendo-se da margem e derrubando o pequeno coala nas águas fundas do rio. Por instinto ele se agarrou ao tronco que começou a deslizar velozmente conduzido pela corrente. Apavorado, com a boca ainda cheia de água gelada, nem teve tempo de emitir um pedido de socorro. Foi levado para longe da segurança da mãe e do seu território, até que sua embarcação improvisada deteve-se numa curva mais estreita, há duas luas de distância.

Cansado e com fome o jovem coala começou a explorar o local em busca de folhas de eucaliptos para comer. Tudo era estranhamente quieto, não se ouvia o murmúrio dos bichos nem os cantos dos pássaros! Ele pensou que era porque estava num lugar desconhecido e distante, talvez tivesse poucos habitantes ou estivessem todos fazendo a sesta. Seus olhos estavam lacrimejantes, ele pensou que fosse sono, mas na verdade o ar estava denso e quente, difícil de respirar. De repente, viu uma coisa muito esquisita, que jamais havia visto. Era como uma pequena folha de outono, de pé, com cores vivas e brilhantes, amarela, laranja e vermelha, numa dança constante e inquieta. Aproximou-se curioso, lentamente, e tocou o nariz para cheirá-la. Saltou para trás de imediato, sentindo uma dor forte e profunda. Olhou ao redor e percebeu que muitas outras folhas como aquela pulavam de um lado para outro lançando uma fumaça cinza para o alto, deixando atrás de si um rastro escuro e fumegante de destruição!

Desta vez não era um ajuste da natureza, um desígnio do Criador. Era somente a inconsciência dessa criatura, o homem, fazendo mal à toda criação, seja através de uma bituca de cigarro jogada displicentemente, uma fogueira mal apagada, ou pela ganância desenfreada abrindo passagens e pastos, pondo a floresta no chão. Com o coração batendo forte e acelerado, Guto pôs-se a correr, na lenta velocidade dos coalas, buscando abrigo, mas viu-se cada vez mais cercado pelo fogo. Queimava as patas no chão tostado e sentia muita dor nos pulmões ao respirar a fumaça grossa, tossindo sem parar. Subiu num pequeno arbusto para se proteger mas a situação era terrível e insuportável. Pensou na mãe e nos seus conselhos, arrependido por ter se afastado dela. Chorou o choro triste dos coalas e as lágrimas de saudade misturaram-se às de ardência. Foi quando, entre lágrimas e fumaça, enxergou um vulto…

Viu, apavorado mas paralisado pela situação, que a coisa vinha em sua direção. Não conseguia distinguir com clareza, mas parecia ser muito alto, com pernas longas e braços compridos, andando ereto, conforme a descrição do bicho Homem, que sua mãe havia lhe fazia. Pareceu tirar a própria pele, uma capa, branca como neve, e veio lenta mas decididamente em sua direção, com a tal pele entre os braços erguidos. Envolveu-o com cuidado e o acomodou carinhosamente no peito, saindo de lá o mais rápido possível. Guto sentiu-se num marsupial e deixou-se levar sem resistência, desmaiando de exaustão.

A Ilha Canguru é uma área natural turística na costa do estado da Austrália Meridional, que abriga muitas espécies nativas, incluindo os coalas, cuja população local é estimada em 50.000 animais. Os incêndios catastróficos que assolam o sudeste do país por quatro meses mataram centenas de milhares de animais nativos, mais de 50% (da população) desapareceu. Outros (animais) ficaram sem habitat e morrerão de fome nas próximas semanas. Biólogos e voluntários lutam incessantemente para preservar esse habitat.

De acordo com um estudo da Universidade de Adelaide publicado em julho, os coalas da Ilha Canguru são especialmente importantes para a sobrevivência da espécie na natureza, pois são o único grupo importante que não sofre de clamídia, uma infecção bacteriana assintomática que pode causar cegueira, esterilidade e morte. Eles são uma espécie de seguro ou garantia para toda a população de coalas. Por não sofrerem de clamídia, os coalas da ilha não podem ser transferidos. Esses incêndios estão varrendo os animais do mapa. É uma das maiores tragédias para a população desses animais desde o final do século XIX, quando foram caçados por suas peles.

* * *

Algumas semanas de intensos cuidados devolveram a Guto todas suas habilidades motoras. As queimaduras e ferimentos estavam curados, com sua pele regenerada brilhante e sedosa. Ele havia se afeiçoado a todos ali. Descobrira que havia muitos homens bons, e que na verdade eles são a grande maioria. São pessoas que se importam com a vida de todos os seres do planeta, que se sentem parte integrante da natureza e lutam por sua preservação. Mas ele sentia falta da vida em liberdade e de sua mãe, e as pessoas ali compreendiam suas necessidades. 

Até que finalmente chegou o grande dia em que ele foi colocado em liberdade, para reencontrar o próprio caminho. Afastou-se dos amigos humanos sem olhar para trás e embrenhou-se na mata, já recuperada e verde. Não precisou andar muito até avistar uma figura muito conhecida. Era sua mãe que ainda o procurava com todo o amor que só as mães possuem no coração. Abraçaram-se apertadamente com imensa alegria, certos de que sua felicidade é a esperança para todos os coalas e todos os demais seres da Terra, em essência, todos irmãos.

CaMaSa

Caminhos

Caminhos

 

Entre todos os caminhos 

escolhi o da Verdade

porque não há valor na mentira

nem fé no coração cheio de ira

 

Entre todos os caminhos

escolhi o da Justiça

porque não há igualdade na cobiça

nem conquista na preguiça

 

Entre todos os caminhos

escolhi o do Amor

porque não há perdão no ódio

nem garantia de um novo episódio

 

Entre todos os caminhos 

escolhi o da Paz

porque não há vitória na guerra

nem perdão a quem sangra a Terra

 

Entre todos os caminhos, escolhi Você.

CaMaSa

Insisto

Insisto

 

Insisto tive sorte

quando te conheci

superei vida e morte

não porque mereci

 

Superei o conceito 

que delas eu tinha

aceitando no peito

a lição donde vinha

 

Não chegaria sozinho

com gosto dou o crédito

me perderia no caminho

não pagaria meu débito

 

Erro maior eu cometeria

me ver separado do todo

apenas mais um eu seria

vivendo o grande engodo

CaMaSa

Flores da Sé

A temperatura estava amena, entre 22 e 24 graus centígrados, com poucas nuvens no céu. A Praça da Sé estava absolutamente limpa e cheirosa, com aroma de maçã, pêssegos, jabuticabas e tantas outras frutas que lotavam os galhos das árvores ali plantadas. Enchendo ainda mais o ar puro e fresco com aromas diversos, floresciam por todo canto álissos, madressilvas, rosas, cravos, lavandas, gardênias, jasmim-dos-açores, manacás-de-cheiro e jasmins-da-noite entre outras flores. O calçamento impecável de pedras portuguesas, brancas como leite e pretas como piche, sem um única falha, ideal para os passeios familiares e flertes juvenis, harmonizava-se com o projeto arquitetônico composto de jardins, passarelas e espelhos d’água enfeitados por monumentos. Eram tantos e tão bem cuidados que faziam da praça um museu a céu aberto. Tudo incrivelmente limpo e perfumado! Mas a que preço?

A Praça da Sé é um espaço público localizado no bairro da Sé, no distrito homônimo, no Centro do município de São Paulo, no Brasil. É considerado o centro geográfico da cidade. Nela, localiza-se o monumento marco zero do município. A partir dele, contam-se as distâncias de todas as rodovias que partem de São Paulo, bem como a numeração das vias públicas da cidade. Considerada quase um sinônimo para o Centro Velho, a praça é um dos espaços mais conhecidos da cidade e foi palco de muitos eventos importantes para a história do país. A praça abriga diversos monumentos e esculturas, entre eles o célebre Marco Zero no centro da praça e que indica o “coração” da cidade de São Paulo. À frente do Marco Zero, encontra-se o monumento a José de Anchieta, fundador de São Paulo e “Apóstolo do Brasil”, inaugurado em 1954 por ocasião do quarto centenário da cidade. Com a reforma de 2006, a praça recebeu diversas novas intervenções artísticas, de maioria abstrata; entre elas as esculturas “Condor” e “Diálogo”, entre outras. As esculturas foram espalhadas pela praça, e interagem com o espaço reformado. Apenas em 2009 foi instalada na praça um monumento em homenagem a São Paulo, apóstolo de Jesus e santo que dá nome da cidade.

Há um fluxo constante de turistas, de várias partes do país e do mundo, sempre fazendo questão de tirar uma foto ao lado do marco zero, de costas para a Catedral da Sé. Esta era em si um espetáculo à parte, com seu estilo neogótico. A catedral atual foi construída por iniciativa de Dom Duarte Leopoldo e Silva, primeiro arcebispo de São Paulo. Os trabalhos começaram em 1913 no local da catedral colonial demolida. O arquiteto responsável foi o alemão Maximilian Emil Hehl, que projetou uma enorme igreja em estilo eclético, por possuir vários elementos de estilos distintos, como a cúpula e o arco ogival, mas que predomina claramente o neogótico, inspirada nas grandes catedrais medievais europeias. Todos os mosaicos, esculturas e mobiliário que compõem a igreja foram trazidos por navio da Itália. Entretanto, devido às guerras mundiais, houve grande dificuldade para se concluir a obra. Assim, a inauguração da nova catedral ocorreu somente em 1954, com as torres ainda inacabadas, mas a tempo para a celebração do quarto centenário de São Paulo, no dia 25 de janeiro. As torres foram inauguradas em 15 de novembro de 1969. As obras foram tocadas inicialmente por Alexandre Albuquerque, e, a partir de 1940, por Luís Inácio de Anhaia Melo.

Era impossível não admirar a beleza da construção e o cuidado com a manutenção da igreja. Tudo nela brilhava de limpeza e cheirava a assepsia. Mármores, bronzes, mosaicos e madeiras absolutamente bem conservados e agradáveis de se olhar. Era a cereja do bolo da praça e ambas irradiavam uma sensação de paz, tranquilidade e segurança por todo o entorno composto pelas ruas e avenidas que a cruzavam ou ladeavam: Rua Anita Garibaldi, Avenida Rangel Pestana, Rua Roberto Simonsen, Rua Venceslau Brás, Rua Irmã Simpliciana, Rua Santa Tereza, Rua Floriano Peixoto, Rua Boa Vista, Rua 15 de Novembro, Rua Direita, Benjamin Constant, Rua Senador Feijó, Praça Doutor João Mendes, Rua Conselheiro Furtado e Rua Tabatinguera. O mesmo sentimento espalhava-se pelos bairros adjacentes, por toda cidade, pelos municípios próximos, por todo o Estado de São Paulo e demais unidades da Federação, por todo o Brasil e demais países do planeta. Mas nem sempre foi assim…

Quando eu era pré-adolescente, por volta dos 12, 13 anos, costumava ir até o centro com meu amigo Gordinho. Tomávamos o ônibus quase na porta de casa, na Mooca, e descíamos no ponto final, na antiga Praça Clóvis, ao lado da Praça da Sé. Nosso objetivo era atravessar a praça, pegar a Rua Direita até a Praça Patriarca, atravessar o Viaduto do Chá, contornar o Teatro Municipal, seguir pela 24 de Maio até a Avenida Ipiranga e chegar no Cinema Marabá para assistir aos filmes de aventura e ação. Tinha também o Olido, o Metrópole, Comodoro, Marrocos, Metro, Regina e Ipiranga. Salas clássicas, cinemões de arquitetura e programação variadas, para todos os gostos. Passeávamos por toda região com bastante segurança, via-se meia dúzia de pedintes, de alguns já se sabia até os nomes. As pessoas que por ali circulavam estavam a trabalho ou passeio, para comprar ou vender, atender ou ser atendido. 

Era o início dos anos 1970 e as dificuldades da época pareciam ser contornáveis, passíveis de solução. Mas o que se viu dali para frente foi uma espiral de problemas, locais e mundiais, em todos os níveis. Crises e mais crises político-sócio-econômicas foram se acumulando, agravadas pela poluição e esgotamento de recursos naturais, gerando conflitos sem precedentes. Em alguma décadas as populações de países inteiros se viam obrigadas a iniciar ciclos migratórios sem rumo certo, na esperança de sobrevivência. A concentração de riquezas e o poderio econômico criaram um cenário composto por avanços tecnológicos e luxo em contraste a hordas de famintos e desprovidos das mínimas garantias. O Brasil não estava livre disso e, no início de 2020, me lembro de ter voltado ao centro da cidade após muito tempo. Era estarrecedor a quantidade de lixo, sujeira e pessoas vagando desnorteadas pelas ruas históricas. Havia ainda muita atividade produtiva, com lojas e comércios variados e escritórios, mas a quantidade de indigentes espalhados pelo chão era proporcional à de pessoas ativas economicamente. Então aconteceu…

O ano de 2020 foi um marco na história da humanidade graças ao Corona, o vírus. No início daquele ano ninguém poderia imaginar as reais consequências que a rápida transmissão do vírus – apelidado de “coronavírus de Wuhan” – traria para todo planeta. O termo “coronavírus” se refere, na verdade, a um grande grupo viral formado por diversos vírus já conhecidos e identificados. O nome da família foi dado devido à forma desses organismos, que analisados em microscópios, têm a aparência de uma coroa. Os coronavírus são um grupo de vírus de genoma de RNA simples de sentido positivo (serve diretamente para a síntese proteica), conhecidos desde meados dos anos 1960. Pertencem à subfamília taxonómica Orthocoronavirinae da família Coronaviridae, da ordem Nidovirales. A maioria das pessoas se infecta com os coronavírus comuns ao longo da vida. Eles são uma causa comum de infecções respiratórias brandas a moderadas de curta duração. Entre os coronavírus encontra-se também o vírus causador da forma de pneumonia atípica grave conhecida por SARS.

O coronavírus de Wuhan, no entanto, teve um desempenho letal devastador. A estimativa da população mundial era de cerca de 7.761 bilhões de pessoas. Aproximadamente ¼ da população mundial, pouco menos de dois bilhões de seres humanos perderam a vida, por relação direta ou indireta com a doença, em pouco mais de oito meses. Não houve critérios de seleção. Bastava ter cabeça, tronco e membros, mente e alma, bastava ser humano! Assim como chegou, desapareceu. Do nada! Milhares de teorias científicas e religiosas tentaram explicar fato tão apocalíptico, mas a verdade é que nenhuma se ajustou à força e violência, assim como à consciência e inteligência aplicadas à nova era imposta a partir de então. Todos os recursos passaram a ser disponibilizados para o bem comum, sem barreiras ou fronteiras, entre todos. A busca pela solução da doença deu início a um projeto de educação e saúde global, sem deixar de fora nem mesmo as pessoas vivendo nos lugares mais remotos e afastados, graças a toda tecnologia de comunicação disponível. Atingiu-se um nível de conhecimento globalizado, onde a vida humana passou a ser a prioridade. 

Hoje, passados quase 40 anos desse ano fatídico e inesquecível, os que sobreviveram à experiência mais traumática da história da humanidade, colhem o resultado do maior flagelo vivido pelo Homo Sapiens: o absoluto respeito pela natureza e ao próximo, como a si mesmo.

CaMaSa