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Ainda

Ainda

 

Ainda que eu soubesse 

os segredos desta vida

antes do nascimento e

depois da morte ainda

 

Ainda assim eu só seria

um único grão de areia 

esculpido pelo mar dia

após dia e noite ainda

 

Ainda que eu perdesse

a razão me entendesse

superior a tudo e todos

seu perdão teria ainda

 

Ainda assim eu viveria

uma e outra vez e mais

cada momento precioso

em você eu seria ainda

CaMaSa

Máscaras

Máscaras

 

Ele era boxeador, treinava golpes

no ringue da vida, da concorrência,

mas quando em casa chegava

não mais lutava, em si repousava.

 

Ela era professora, lecionava aulas

cultivando nos alunos a inteligência,

mas quando para casa voltava

não mais ensinava, de si aprendia.

 

Ele era juiz, condenava bandidos

com base na lei e sua consciência,

mas quando para casa retornava

não mais julgava, por si absolvia.

 

Seja qual for a máscara social

usada para nossa sobrevivência,

há um lugar, um lar, dentro de nós,

sem dúvidas, só paz, amor e poesia.

CaMaSa

Amazônio

São coisas da nossa infância. As primeiras aulas de geografia com o mapa do Brasil destacado no mapa-mundi. Para mim parecia uma espécie de animal enorme e estranho, reforçado pela boca feita do corte em V do Acre. Na época tínhamos estados e territórios, dividindo o país em regiões compreensíveis e próximas, São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, já estudadas nas aulas de História, e outras distantes e exóticas, todo norte e nordeste, e o sul, mais frio e produtivo.

Escrevo ficção, baseada nas impressões de um aluno de primeiro grau, antigo curso primário, e não em fatos e dados comprovadamente científicos. Portanto, me acompanhe nesta narrativa por sua conta e risco. 

Naquele tempo eu estudava num colégio estadual, o Antônio Firmino de Proença, e tínhamos uma estrutura completa com aulas de português, matemática, história, geografia, química, biologia, francês, inglês, filosofia, moral e cívica, artes, música e educação física. Era feito um exame admissional para estudar ali, o que tornava o espaço muito democrático, frequentado por todos os extratos sociais e culturais, com crianças e adolescentes de várias descendências. Só os mais inteligentes ou muito esforçados mantinham-se no colégio. Aqueles que não conseguiam acompanhar as disciplinas, e tinham recursos, transferiam-se para os colégios particulares, mais fracos ou que ofereciam alternativas para que os alunos pudessem avançar de um ano para outro.

Me pergunto o que teria acontecido com nosso país de lá pra cá? Seriam os pós-revolução militares, os centro-esquerda de transição ou os esquerdas sem noção os causadores da derrocada? Não éramos o país do futuro? Não tenho respostas. Sinceramente não tenho base para discutir política, deixo para os milhões de especialistas surgidos nas redes sociais nos últimos anos, capazes de interpretar, julgar e condenar os agentes sócio-políticos do Brasil e do mundo. Eu realmente não consigo julgar ninguém sem calçar seus sapatos, sem ter a totalidade dos dados e fatos que o levaram a tomar suas decisões. Deixo para a justiça precificada dos homens e a consciência divina de cada um, o castigo que lhe compete.

Nosso professor de geografia explicava que o rio Amazonas recebeu esse nome por conta da lenda grega das Amazonas, mulheres guerreiras seminuas, talvez tão guerreiras, e muito menos nuas que as índias nativas, nossas icamiabas (aquelas que não têm seio), que desfilavam pelas florestas à época do descobrimento. Terra de sonhos! Muitos se aventuraram por suas matas virginais, estendidas do oceano Atlântico aos pés das intransponíveis cordilheiras dos Andes, em busca de ouro e riquezas inconcebíveis, brotando do solo, ao alcance das mãos. A maior parte encontrou malária, febre amarela e pestes diversas, dando em troca gripes e resfriados mortais para os nativos.

A sanha exploratória, nacional e internacional, só aumentou desde então, encontrando as mais justas e inconcebíveis justificativas para seus discursos e atos. Um país europeu tem o direito de legislar sobre seu território, ou deve permitir que organismos internacionais opinem sobre a utilização de seu território e recursos naturais? Queima de petróleo e carvão são justificáveis para locomover e aquecer? O custo ecológico deve ser questionado em contraponto à sobrevivência dos habitantes dos países gelados da região? A ocupação agrária consciente e sustentável da Amazônia, capaz de eliminar a fome e miséria no Brasil, interessa a alguém? Ela é nossa? A resposta a esta pergunta define sua visão de mundo.

Não existem países e fronteiras. Não existe nada que possamos apontar e dizer, isto é o Mundo. Existem seres humanos coabitando esta esfera orgânica, viva e auto regulável, que chamamos Terra. Como parte integrante deste fantástico ecossistema, temos um papel a cumprir: podemos ser uma excrescência doentia a provocar destruição total ou a ser expurgada, ou um benéfico organismo de realização e expansão universal. O futuro dirá.

CaMaSa

Iguais

Iguais 

 

Assumi ser feliz da forma mais egoísta

amando sem limites a energia em mim

e ao próximo até onde alcança a vista,

como fosse eu mesmo, simples assim.

 

Vivo a responsabilidade de ser feliz

cuidando só do que me diz respeito

sorvendo o bom da vida pelo nariz, 

enchendo de paz e alegria meu peito. 

 

Falo dessas coisas sem peso do medo 

de ofender alguém de qualquer crença 

pois não é para ninguém um segredo 

somos iguais e um só, sem diferença.

CaMaSa

Tic Tac

Tic Tac

 

Procuro pessoas buscando a Paz

em plena guerra em luta consigo

em olhar inimigo em toda a Terra

no meio da floresta na montanha

no rio oceano no céu nas estrelas

em todos os cantos e caminhos

em todos os sonhos nos outros

 

Encontro pessoas vivendo a Paz

no dia a dia cotidiano da labuta

no jogo diário no perde e ganha

em consciência da chance tida

em gratidão porque é imerecida

no acordar do sono agradecido

pelo tic tac constante da vida

CaMaSa